Brasil
ganha quatro novas reservas particulares do Patrimônio Natural
- 31/01/2018 20h47
- Brasília
Letycia
Bond - Repórter da Agência Brasil
Solenidade
de oficialização das quatro novas RPPNsMarcelo Camargo/Agência Brasil
O Ministério do Meio Ambiente e o
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) oficializaram
formalmente hoje (31) a composição de quatro novas reservas particulares do
Patrimônio Natural (RPPNs), que se juntam a outras 673 já existentes. As novas
unidades são importantes para a salvaguarda de recursos hídricos, pesquisa,
lazer e educação. “É um ato simbólico, de reconhecimento, de agradecimento,
hoje, aqui, e, quem sabe, possa empolgar mais proprietários a criar
RPPNs," disse o presidente do ICMBio, Ricardo Soavinski.
Duas das novas RPPNs - Contendas
II, em Ituberá (BA), de 173,16 hectares, e Volta Velha - Padre Piet Van Der
Art, em Itapoá (SC), de 285,23 hectares - estão situadas na Mata Atlântica. A
reserva Cachoeira do Andorinhão, em Cambuí (MG), de 2,23 hectares, está situada
no bioma Cerrado, enquanto a Sítio Lagoa, no município de Guaramiranga (CE),
pertence à Caatinga e ocupa uma superfície de 70 hectares. No total, o bioma
que mais abriga RPPNs é o Pantanal.
Esse tipo de Unidade de
Conservação (UC), criado na década de 1990, se encontra em maior número em
Minas Gerais (335), Paraná (267), Rio de Janeiro (150), Bahia (148) e São Paulo
(90). Apenas uma região do Acre foi criada sob essa classificação.
"Entre as atividades
permitidas para as RPPNs, o uso mais constante é o turismo", esclareceu o
diretor de Criação e Manejo de Unidades de Conservação do ICMBio, Paulo
Carneiro, que durante a solenidade desta quarta-feira citou o Rio das Furnas,
em Santa Catarina, e o Vale das Araras, em Goiás, como experiências
bem-sucedidas no segmento.
O Sistema Nacional de Unidades de
Conservação separa essas categorias em dois grandes grupos: 1) uso
sustentável, no qual se enquadram a RPPN, a Reserva de Desenvolvimento
Sustentável, a Área de Proteção Ambiental, a Área de Relevante Interesse
Ecológico, a Floresta Nacional, a Reserva Extrativista e a Reserva de Fauna; e
2) grupo de proteção integral, formado por Estação Ecológica, Reserva
Biológica, Parque Nacional, Monumento Natural e Refúgio de Vida Silvestre.
Proteção e manejo
As quase 680 RPPNs brasileiras
abrangem aproximadamente 500 mil hectares de áreas protegidas. De acordo com o
ICMBio, 88 (13%) delas têm um plano de manejo definido, das quais 21 foram
elaborados no último ano e meio. A maioria (76%) dessas reservas pertence a
pessoas físicas, 19% pertence a empresas e 5% a organizações não-governamentais
(ONGs). Somadas às reservas estaduais e municipais, o total chega a cerca de
1400 reservas, com 750 mil hectares de áreas sob proteção.
O
ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho (centro), e o presidente do ICMBio,
Ricardo Soavinski (à direita), entregam a um proprietário o certificado da sua
RPPN Marcelo Camargo/Agência Brasil
Ricardo Soavinski ressaltou que a ampliação das
RPPNs espelha uma maior conscientização dos donos de terras, chegando mesmo
a expressar certo nível de altruísmo, já que, ao buscar o poder público para a
certificação, abrem mão de um espaço que integra o patrimônio da família, ainda
que o reconhecimento não implique desapropriação. Por outro lado, para o
proprietário de uma RPPN há contrapartidas, como isenção do Imposto Territorial
Rural e preferência na análise de pedidos de concessão de crédito agrícola.
O presidente do ICMBio sugeriu ao
ministério que busque incentivar mais determinados grupos e criticou a demora
no procedimento necessário à obtenção do título de RPPN. "A gente lutou
durante anos e hoje temos um sistema. A gente não ouve mais tanta
reclamação", destacou Soavinski.
Combate ao desmatamento
Presente na cerimônia, o ministro
do Meio Ambiente, José Sarney Filho, ressaltou "a redução, a inversão da
curva de desmatamento da Amazônia, que vinha, há três anos, ascendente. A queda
mais contundente se deu nas unidades de conservação federais: 28%. E chegou a
alcançar 65% na área mais crítica e mais criticada, a Floresta Nacional do
Jamanxim", afirmou.
Contudo, um relatório da ONG Instituto de
Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), divulgado em dezembro
passado, mostra que a área de floresta perdida na Amazônia já equivale a duas
vezes o território da Alemanha. E que do total desmatado, 65% é usado para
pastagens de baixa eficiência – menos de um boi por hectare. Conforme o
documento, "a taxa média [de desmatamento da região] entre 2013 e 2017,
foi 38% maior do que em 2012, ano com a menor taxa registrada".
Edição: Augusto
Queiroz
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