sábado, 6 de abril de 2013

VALE - MINERANDO UM BARRIL DE PÓLVORA

Porque os trabalhadores da mina de ferro de Carajás estão chegando ao seu limite social





Os peões estão revoltados com o tratamento dispensado a eles pela DSERVICE, empresa mineira, prestadora de serviços para a VALE e a multinacional SANDIVK em Carajás. 

Salários miseráveis, condições de trabalho péssimas, tratamento desunamo e afins, fazem da DService uma empresa com alta rotatividade e baixa atratividade para os peões aqui residentes.  O Robson foi dispensado com justa causa por supostamente liderar um inicio de paralisação no fim do ano passado.  Hoje trabalha noutra empresa e move uma ação trabalhista reparatória. Não adianta, a greve explodiu ontem e hoje. Ônibus não puderam subir, peões zanzando como baratas tontas pela Cidade Nova. O transito parou, nervosismo, perdas milionárias. A cidade parou como sempre, para assistir aos desmandos de quem controla a VALE aqui. O tal perde - perde, que tanto citamos em 2012. 


No post: GESTAO EM XEQUE (publicarevista. blogspot.com) demonstramos que há um grave problema de gestão local. Em Carajás e região, não há sindicatos independentes eles representam diversas categorias e estão atrelados as empreiteiras e a VALE. Suas lideranças são velhas, ocupam cargos de direção nos sindicatos como patrimônio pessoal e pretendem fazer carreira política por eles. Não funciona mais este modelo. 

Controlar os trabalhadores, enquanto a cidade é uma praça de guerra com preços abusivos, policiais despreparados, furtos, assaltos,  corrupção, assassinatos e um sistema de saúde inexistente é muito complexo. A VALE com seus péssimos contratos de serviços prendem as empreiteiras em condições ridículas para o porte de sua ação mineradora aqui.

Sem lideranças e sem apoio, os trabalhadores sobem a serra todos os dias e acabam montando uma sólida indústria de ações  trabalhistas, com advogados  terríveis na expertise de falir empresas.
Falta tudo. Numa área onde se tem uma mina  num nível de risco 4, não se encontra  uma única máquina de hemodiálise. Não há água ou esgoto em 90% da cidade.  Estamos sobre um caldeirão prestes a explodir, não sabemos quando. Aliado a esta tragédia, esta o crescimento chinês da aldeia, media de 18% ao ano, há vinte anos seguidos. A perspectiva é de, em seis anos, a população atual mais que dobrar, chegando perto dos 700 mil habitantes.


Para se ter uma idéia da violência institucional aqui, simplesmente ontem, passamos o dia inteiro dentro de uma agencia da Caixa Econômica Federal, esperando para trocar um cheque de 800 reais. Outro peão nosso cliente, passou dois dias dentro da agencia da Caixa Econômica para abrir uma simples conta poupança.  Sem contar as intermináveis filas para tudo: os bancos, todos eles, tem filas diárias que chegam a mil metros, dobrando esquinas e quarteirões. É inacreditável como sofremos aqui, o descaso, o abandono e as dificuldades implantadas com o único fito de perturbar, controlar e humilhar. A sensação é que trocamos sempre seis por meia dúzia. 

Os serviços não funcionam, as autoridades são naturalmente incompetentes e/ou incapazes e se subjuga a capacidade de discernimento dos trabalhadores, as formigas que sustentam tudo. É uma bomba, como Serra Pelada é atualmente uma bomba, sempre foi. 

O mistério é que absolutamente nada aqui funciona.  A OI tem o Velox em Santa Inês e outras pequenas cidades do Maranhão, mas não tem aqui. A cidade, maior exportadora do Brasil não tem internet confiável, nem Bancos, hospitais, policia, governo, VALE, nada. Os bancos humilham, exigindo que os proprietários dos imoveis vão ao cartório assinar os contratos de locação que não duram 3 meses, para a simples abertura de uma conta salário. Numa cidade que a maioria da população mora em kitnetes e mocambos, imagine o transtorno. Há uma revolta subterrânea em curso e muita violência. Se não fizerem nada e continuar o massacre moral, os peões estão despertando para tanto descaso. Agora, mesmo estão reunidos na porta de um sindicato, que apenas esta protelando soluções econômicas e melhorias mediante seus acordos secretos com a DService.

Vamos Brasil, cadê a força nacional, cadê as autoridades, o governo do estado? Presidenta Dilma, transforme esta região no território federal de Carajás e nos ajude a sair desse inferno. Ou virão com a imprensa internacional, recolher as cinzas ou os corpos do massacre.