domingo, 31 de dezembro de 2017

Ainda temos cinema, saudades do Glauber



Ancine anuncia investimento em 23 novos projetos de longa-metragem
  • 29/12/2017 22h17
  • Rio de Janeiro
Paulo Virgilio - Repórter da Agência Brasil
Vinte e três projetos de longa-metragem foram contemplados pela chamada pública Prodecine 05, quarta edição da linha de investimento do Programa Brasil de Todas as Telas, da Agência Nacional do Cinema (Ancine). O resultado final da seleção, que investe em projetos de linguagem inovadora e relevância artística, foi anunciado hoje (29) pela agência e pelo Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE).

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Os 23 projetos selecionados dividirão R$ 30 milhões, em recursos do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). São 12 filmes de ficção e 11 documentários, que serão realizados por produtoras independentes sediadas em nove estados (Amazonas, Bahia, Goiás, Pará, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo) e no Distrito Federal

De acordo com a presidente em exercício da Ancine, Debora Ivanov, “o edital tem trazido muito orgulho ao cinema nacional, revelando talentos e construindo obras que têm se destacado em festivais no Brasil e em inúmeros países”. A lista completa dos contemplados está disponível no site www.ancine.gov.br.

A comissão de seleção foi composta pelo cineasta Eryk Rocha, pela jornalista especializada em cinema Clarissa Kuschnir, e por três servidores da Ancine. A chamada pública recebeu um total de 343 inscrições no sistema, sendo que 302 propostas foram habilitadas. Nas três primeiras edições, 55 longas-metragens foram contemplados.
Edição: Davi Oliveira

terça-feira, 31 de outubro de 2017

Dr. Martinho da Vila, viva UFRJ



Martinho da Vila recebe título de doutor honoris causa da UFRJ
  • 31/10/2017 21h18
  • Rio de Janeiro




Cristina Indio do Brasil - Repórter da Agência Brasil
Martinho José Ferreira, o Martinho da Vila, cantor, compositor, músico, escritor, poeta e defensor da cultura negra, é também, a partir de hoje (31), doutor honoris causa, título concedido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) a partir de uma proposta apresentada pelo Departamento de Letras Vernáculas da Faculdade de Letras.

O título aprovado pelo Conselho Universitário indica que o artista “tornou-se um mediador entre a cultura popular e a erudita, por suas qualidades biculturais de mestre popular e de ídolo da indústria cultural, o que potencializou sua atuação na promoção da cultura popular e na militância contra o racismo na sociedade brasileira”.

Com uma atuação em tantos campos, nada mais natural que todos estivessem representados na sessão solene do Conselho Universitário da UFRJ, no prédio da Faculdade de Letras, na Ilha do Fundão, zona norte do Rio. Desde integrantes da velha guarda e da ala de baianas da Unidos de Vila Isabel, a escola de samba do coração de Martinho, a representes das letras, da música e da comunidade negra, todos queriam prestar homenagem ao cantor e compositor. “Para nós, é uma alegria muito grande ver um parceiro nosso, amigo receber esse título. Adorei ver isso”, disse o compositor Manuel Silva, de 71 anos, componente da velha guarda.

Para a integrante da ala de baianas da Vila, Ivonete da Silveira, de 63 anos, foi “excelente” poder ver o reconhecimento de Martinho, que segundo ela, é uma figura importante da escola. A baiana lembrou que é sempre uma emoção desfilar com um samba de autoria dele. “É uma emoção. O coração começa a bater mais forte. A mente fica sem saber o que pensar”, contou, acrescentando, que melhora se vier acompanhado de um campeonato da escola. “Aí fica tudo melhor, fica tudo bem”, disse sorrindo.

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Entre os parentes, uma pessoa em especial: dona Elza, a irmã mais velha, que aos 90 anos fez questão de comparecer à cerimônia de entrega do título. E Martinho ficou feliz com a presença dela. “Foi uma surpresa para mim que a substituta da minha mãe, a número 1, como a gente chama, saiu lá de Curicica [bairro da zona oeste] e veio aqui, a Elza, representando toda a minha família”, revelou apontando para a irmã, que estava sentada na primeira fila.

Depois da cerimônia, emocionada, dona Elza falou de Martinho, que para ela é mais que um irmão. “Eu criei ele. Foi criado aqui na minha mão. Trabalhamos muito para criar ele. Ele estudou. Tenho ele como um filho. É uma alegria. Nunca pensei em chegar aos 90 anos”.

Martinho destacou ainda, entre os presentes, o babalaô Ivanir dos Santos e a professora Helena Teodoro, que lançaram a indicação para que ele recebesse o título aprovado por unanimidade pelos colegiados da UFRJ. “Hoje, para mim, é um dia de graça”, apontou o artista.

Na saudação ao homenageado, a professora Carmen Tindó, que apresentou a proposta de concessão do título a Martinho no Conselho Universitário, destacou que a cultura negra está sempre representada nas músicas do artista. Ela lembrou ainda que o artista sempre se posicionou politicamente, inclusive no período da ditadura, como no samba enredo Sonho de um sonho. “E eu cito: 'Sonhei que estava sonhando um sonho sonhado. Um sonho de um sonho magnetizado. As mentes abertas, sem bicos calados. Juventude alerta e seres alados'. É clara neste fragmento citado, a mensagem poética que sonha um país sem censura”, apontou.

O reitor Roberto Leher afirmou que ter um intelectual do porte de Martinho da Vila nos quadros da UFRJ é muito importante para a afirmação da juventude negra, que tem conseguido cada vez mais espaço na universidade por meio de políticas públicas como as cotas. “É muito importante que esta instituição possa acolher esta juventude, e acolher naquilo que podemos dar de melhor, que é o conhecimento”, disse.

O homenageado está bem consciente dessa referência, não só para a juventude negra, mas para a sociedade brasileira. “É um título que tem muita representatividade e muito significado. Então, aumenta muito a responsabilidade. Não posso abandonar a luta e dizer agora vou descansar. Não posso. E também honrar essa universidade. Eu tenho uma certa presença por aqui e eles sentem que sou parte da turma, mas é uma emoção só”, afirmou, depois da cerimônia cercado de amigos.

“São tantos amigos e de várias áreas. Foi uma sessão solene acadêmica que era bem mista. Velha guarda da Vila Isabel, gente da Portela, músicos, artistas, intelectuais. Tudo misturado”. A cerimônia, que tinha começado com o Hino Nacional cantado por Martinho da Vila e, em alguns trechos, com acompanhamento próximo do samba, terminou com um show do grupo de se apresenta com o cantor pelo mundo afora.
Edição: Davi Oliveira

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Brasil trabalhador



Brasil é vice-campeão em mundial de profissões técnicas com 7 medalhas de ouro
  • 19/10/2017 19h58
  • Brasília
Helena Martins - Repórter da Agência Brasil
Quando o assunto é desempenho de profissões técnicas, é o Brasil quem ganha de diversos países por 7 a 1. Confirmando a qualidade do ensino e do trabalho desenvolvidos em diversos ramos, brasileiros conquistaram 7 medalhas de ouro, 5 de prata e 3 de bronze, além de 26 certificados de excelência, na WorldSkills 2017, maior competição de modalidades que correspondem às profissões técnicas da indústria e do setor de serviço. As vitórias garantiram o segundo lugar no torneio finalizado nesta quinta-feira (19) em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes

Os brasileiros ganharam ouro em Mecatrônica, Eletricidade Industrial, Manufatura Integrada, Tornearia CNC, Polimecânica e Automação, Escultura em Pedra e Tecnologia de Mídia Impressa. Competidores das modalidades Tecnologia da Moda, Joalheria, Construção de Estruturas Metálicas, Manutenção Industrial e Desenho Mecânico – CAD levaram a prata. Já as quatro medalhas de bronze foram obtidas nas seguintes modalidades: Marcenaria de Estruturas, Movelaria e Construção de Estruturas para Concreto.


Estudante brasileiro comemora medalha de ouro na cerimônia de encerramento do WorldSkills 2017José Paulo Lacerda/CNI

Realizada entre os dias 15 e 18 deste mês, a WorldSkills reuniu 1.256 jovens de 68 países em 52 ocupações técnicas. A delegação brasileira contou com 56 pessoas, sendo 50 vinculadas ao Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e seis ao Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). Os competidores são estudantes de cursos de educação profissional de até 23 anos de idade no ano em que se realiza o torneio. Em Abu Dhabi, eles formaram a equipe que ganhou o nome Top One, que concorreu em 50 modalidades.

No quadro geral, o Brasil, que havia sido campeão na última edição, realizada em São Paulo, em 2015, perdeu apenas para a Rússia. O feito inédito dos russos também contou com uma mãozinha brasileira: profissionais que competiram em sete ocupações foram treinados pelo Senai. A contratação objetivou ampliar a preparação e também a divulgação de carreiras técnicas naquele país, que sediará a próxima edição da WorldSkills, em 2019, na cidade de Kazan. O empenho também levou a Rússia a apresentar a maior delegação na edição deste ano.

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Apesar de o Brasil ter perdido a liderança, o resultado, na opinião do diretor-geral do Senai e diretor de Educação e Tecnologia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Rafael Lucchesi, confirma o que resume como "excelência" da educação profissional do Brasil. “Estamos muito orgulhosos com o resultado, com a demonstração de excelência que o Brasil tem na competição mundial de profissões técnicas. Nós demonstramos o alto nível que temos no conjunto das profissões. Estamos ao lado de potências industriais como a China, potências tecnológicas, como a Coreia do Sul e a Suíça, países emergentes como a Rússia, mas com alta tecnologia. Estamos entre os cinco melhores”, afirmou Lucchesi, logo após a cerimônia de encerramento da competição.

Para o presidente da CNI, Robson de Andrade, o fato de o Brasil estar ao lado de China, Coreia do Sul, Suíça e Rússia, em termos de qualidade dessas profissões, “é importante para criar oportunidades para os jovens e competitividade para as empresas”. Como resultado disso, a confederação espera melhorias na economia do país. Segundo estudo do Departamento de Economia da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro, profissionais que fizeram cursos técnicos têm um acréscimo na renda de 18%, em média, em relação a pessoas com perfis socioeconômicos semelhantes que concluíram apenas o ensino médio regular.

Provas
Antes da competição, ao longo de meses, profissionais oriundos de todas as regiões brasileiras foram treinados pelo Senai em centros de referência. Acompanhados por orientadores em cada uma de suas áreas, eles realizaram atividades para aprimorar técnicas e também enfrentaram uma disciplina diária de exercícios físicos, treinamento técnico e psicológico.

Nas provas, eles tiveram que completar desafios propostos pela organização da competição, dentro de padrões internacionais de qualidade. A pontuação levou em conta habilidades técnicas individuais e coletivas, bem como o tempo de execução das tarefas. Ao todo, o Brasil acumulou 34.901 pontos.

Desafios globais
Além das disputas, os profissionais também se reuniram para dialogar sobre temas que afetam o mundo do trabalho hoje, como a economia verde (preocupada com tecnologia de desenvolvimento sustentável, que reduz riscos ambientais e a escassez ecológica) e a indústria 4.0 (uma referência à quarta revolução industrial, baseada na internet das coisas e computação nas nuvens), no chamado Fórum da Juventude, evento integrante da WorldSkills.

Como fruto das discussões, uma carta foi formulada pelos participantes e entregue aos representantes de todos os países que marcaram presença na competição. Entre outras medidas, defendem que sejam adotadas políticas de estímulo ao empreendedorismo e também ações para tornar os cursos e, até mesmo, as profissões, mais inclusivas.
Edição: Davi Oliveira