Avanço de
supergonorreia que pode se tornar intratável preocupa Grã-Bretanha
03/05/201607h48
- Thinkstock
Médicos disseram estar "extremamente
preocupados" com a disseminação de uma supergonorreia na Inglaterra.
Por causa de uma nova bactéria,
um alerta nacional foi emitido no ano passado quando foram registrados casos em
Leeds, no condado de Yorkshire, na região central do país. Um dos principais
tratamentos contra a doença mostrou-se ineficaz contra esta variedade.
A agência governamental Public
Health England reconheceu que medidas tomadas para conter a epidemia tiveram
"sucesso limitado".
Até o momento, foram confirmados
por meio de testes de laboratório 34 casos de supergonorreia, mas acredita-se
que esta seja apenas a ponta do iceberg, já que um portador da infecção pode
não apresentar sintomas.
Médicos temem que em breve seja
impossível tratar a doença, que é transmitida sexualmente e pode levar à
infertilidade.
Resistência
O surto começou em casais
heterossexuais, mas agora é detectado também em homens gays. "Estávamos
preocupados que ela poderia se espalhar entre homens que fazem sexo com outros
homens", diz o consultor médico especializado em saúde sexual Peter
Greenhouse.
"O problema é que (eles)
tendem a disseminar infecções mais rapidamente, já que trocam de parceiros com
maior frequência."
Esses grupo também têm maior
probabilidade de casos de gonorreia na garganta, onde é maior a chance do
organismo desenvolver resistência a antibióticos já que estes medicamentos são
administrados em menor dosagem para infecções nesta área do corpo, que também
está repleta de outras bactérias que podem ser resistentes a drogas.
A gonorreia é causada pela
bactéria Neisseria gonorrhoeae, transmitida por sexo vaginal, oral e anal sem
proteção e muito adaptável e resistente a antibióticos.
Por isso, duas drogas -
azitromicina e ceftriaxona - são usadas conjuntamente. Mas, agora, a
resistência à azitromicina está se espalhando, e médicos receiam ser uma
questão de tempo até que o mesmo ocorra com a ceftriaxona.
Acredita-se que, entre os
infectados, cerca de um a cada dez homens heterossexuais e mais de três quartos
das mulheres e de homens gays não apresentam sintomas, que podem incluir uma
secreção esverdeada ou amarela nos órgãos sexuais, dores ao urinar e
sangramento.
Se não for tratada, a infecção
pode levar a infertilidade e a inflamação pélvica crônica, e ser transmitida
para um bebê durante a gravidez.
Sexo seguro
Médicos britânicos de renome
alertam que há um risco real da gonorreia tornar-se intratável. "Não
podemos nos dar ao luxo de sermos complacentes", diz Gwenda Hughes, chefe
para infecções sexualmente transmissíveis da Public Health England.
"Se surgirem variedades de
gonorreia resistentes tanto à azitromicina quanto à ceftriaxona, as opções de
tratamento serão limitadas já que não existe nenhum antibiótico disponível para
tratar esse tipo de infecção."
Ele pede que a população pratique
sexo seguro para minimizar o risco de contágio.
Também há uma campanha em curso para
incentivar pessoas infectadas que alertem seus parceiros sexuais - após testes
indicarem que 94% de parceiros estavam infectados.
No entanto, a agência diz que os
resultados desta campanha foram "limitados".
A Associação Britânica de Saúde
Sexual e HIV disse ser necessária uma reação rápida à infecção.
Sua presidente, Elizabeth Carlin,
afirmou que a "disseminação da gonorreia altamente resistente à
azitromicina é motivo de enorme preocupação e que é essencial tomar toda medida
possível para impedir que se espalhe ainda mais."
"Falhar ao responder de
forma adequada a isso ameaça nossa habilidade de tratar a gonorreia de forma
eficaz e leva a uma deterioração da saúde de indivíduos e da sociedade como um
todo."
Porém, o consultor Peter
Greenhouse diz que os serviços públicos de saúde sexual estão passando por seu
"momento de maiores restrições" devido a um corte de recursos e que o
surgimento da superbactéria se dá em meio às "condições de uma tempestade
perfeita".
Ao mesmo tempo, o governo
britânico anunciou uma nova ferramenta para ajudar que clínicos gerais reduzam
o número de antibióticos prescritos, ao comparar seus hábitos com os de outros
especialistas.
"Quero que antibióticos
sejam prescritos somente quando forem necessários", disse o secretário de Saúde,
Jeremy Hunt.
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