Papa diz
a crianças que “imigrantes não são um perigo, mas estão em perigo”
- 28/05/2016 17h52
- Cidade do Vaticano
Da
Agência Lusa
Papa Francisco afirmou que “os
imigrantes não são um perigo, mas estão em perigo”, durante um encontro
que manteve no Vaticano com 500 crianças italianas e imigrantes, chegadas da
região da CalábriaAgência Lusa/EPA/Pool/Alessandro Di Meo/Direitos Reservados
O papa Francisco afirmou hoje
(28) que “os imigrantes não são um perigo, mas estão em perigo”, durante
um encontro que manteve no Vaticano com 500 crianças italianas e imigrantes,
chegadas da região da Calábria.
“Os imigrantes não são um perido,
estão em perigo”, disse o pontífice por várias ocasiões, numa mensagem de
fraternidade e de tolerância para com outras culturas e religiões, que pediu às
crianças que repetissem com ele.
“O comboio das crianças” é o nome
de uma iniciativa, organizada pelo Conselho Pontifício da Cultura, que há
quatro edições leva crianças ao Vaticano de comboio para conhecer e conversar
com o papa.
Desta vez, o tema eleito foi
“Trazidos pelas ondas” e os participantes foram menores que vivem na Calábria,
no sul de Itália, uma das regiões do país que concentra um maior número de
imigrantes.
“Boa parte [dos participantes] é
constituída por refugiados que vieram sobre as ondas do mar com as suas
esperanças e tragédias”, disse à agência espanhola Efe o presidente do
Conselho Pontifício para a Cultura, o cardeal Gianfranco Ravasi.
Durante o evento, Ravasi leu uma
carta que as crianças tinham escrito ao papa e na qual refletiam sobre os
“adultos que deixam a sua terra por causa da guerra e das perseguições”, na
qual disseram que não conseguem entender “tanta injustiça” no mundo.
O pontífice concordou com esta
mensagem e se mostrou crítico em relação aos países que “não deixam vir e
deportam as pessoas em busca de salvação, paz e trabalho”, uma afirmação que
assume particular significado depois de na última semana, as embarcações
europeias terem socorrido mais de 12 mil pessoas no Mediterrâneo.
“Os que chegam têm uma religião
diferente, mas isso não é perigoso porque somos todos irmãos, Deus quer-nos a
todos”, disse o papa.
O sumo pontífice recebeu as
crianças com beijos, abraços e gestos de carinho, comentou os desenhos que um
ou outro tinha levado e se ofereceu para responder a perguntas.
Um participante perguntou ao papa
como se devia acolher os imigrantes, ao que Francisco respondeu que devia ser
“com gestos de carinho e abertura”, sublinhando três palavras-chave: “ternura,
compaixão e amizade”.
“Os italianos não são todos bons,
como em todas as partes, e os que vêm não são todos maus”, disse ainda Jorge
Bergoglio, que explicou o significado de aceitar os imigrantes com uma frase:
“vou cuidar de ti”.
O papa riu, interagiu com as
crianças e pediu por diversas vezes que repetissem as suas ideias principais ou
ensaiassem gestos de acolhimento.
Edição: Valéria
Aguiar