Porque os trabalhadores da mina de ferro
de Carajás estão chegando ao seu limite social
Os
peões estão revoltados com o tratamento dispensado a eles pela DSERVICE, empresa
mineira, prestadora de serviços para a VALE e a multinacional SANDIVK em Carajás.
Salários
miseráveis, condições de trabalho péssimas, tratamento desunamo e afins, fazem
da DService uma empresa com alta rotatividade e baixa atratividade para os peões
aqui residentes. O Robson foi dispensado
com justa causa por supostamente liderar um inicio de paralisação no fim do ano
passado. Hoje trabalha noutra empresa e
move uma ação trabalhista reparatória. Não adianta, a greve explodiu ontem e
hoje. Ônibus não puderam subir, peões zanzando como baratas tontas pela Cidade Nova.
O transito parou, nervosismo, perdas milionárias. A cidade parou como sempre,
para assistir aos desmandos de quem controla a VALE aqui. O tal perde - perde,
que tanto citamos em 2012.
No
post: GESTAO EM XEQUE (publicarevista. blogspot.com) demonstramos que há um
grave problema de gestão local. Em Carajás e região, não há sindicatos independentes
eles representam diversas categorias e estão atrelados as empreiteiras e a
VALE. Suas lideranças são velhas, ocupam cargos de direção nos sindicatos como
patrimônio pessoal e pretendem fazer carreira política por eles. Não funciona
mais este modelo.
Controlar
os trabalhadores, enquanto a cidade é uma praça de guerra com preços abusivos,
policiais despreparados, furtos, assaltos, corrupção, assassinatos e um sistema de saúde inexistente
é muito complexo. A VALE com seus péssimos contratos de serviços prendem as
empreiteiras em condições ridículas para o porte de sua ação mineradora aqui.
Sem
lideranças e sem apoio, os trabalhadores sobem a serra todos os dias e acabam montando
uma sólida indústria de ações trabalhistas,
com advogados terríveis na expertise de
falir empresas.
Falta
tudo. Numa área onde se tem uma mina num
nível de risco 4, não se encontra uma única
máquina de hemodiálise. Não há água ou esgoto em 90% da cidade. Estamos sobre um caldeirão prestes a explodir,
não sabemos quando. Aliado a esta tragédia, esta o crescimento chinês da
aldeia, media de 18% ao ano, há vinte anos seguidos. A perspectiva é de, em
seis anos, a população atual mais que dobrar, chegando perto dos 700 mil
habitantes.
Para
se ter uma idéia da violência institucional aqui, simplesmente ontem, passamos
o dia inteiro dentro de uma agencia da Caixa Econômica Federal, esperando para trocar
um cheque de 800 reais. Outro peão nosso cliente, passou dois dias dentro da
agencia da Caixa Econômica para abrir uma simples conta poupança. Sem contar as intermináveis filas para tudo:
os bancos, todos eles, tem filas diárias que chegam a mil metros, dobrando
esquinas e quarteirões. É inacreditável como sofremos aqui, o descaso, o abandono
e as dificuldades implantadas com o único fito de perturbar, controlar e
humilhar. A sensação é que trocamos sempre seis por meia dúzia.
Os
serviços não funcionam, as autoridades são naturalmente incompetentes e/ou
incapazes e se subjuga a capacidade de discernimento dos trabalhadores, as
formigas que sustentam tudo. É uma bomba, como Serra Pelada é atualmente uma
bomba, sempre foi.
O
mistério é que absolutamente nada aqui funciona. A OI tem o Velox em Santa Inês e outras
pequenas cidades do Maranhão, mas não tem aqui. A cidade, maior exportadora do
Brasil não tem internet confiável, nem Bancos, hospitais, policia, governo,
VALE, nada. Os bancos humilham, exigindo que os proprietários dos imoveis vão
ao cartório assinar os contratos de locação que não duram 3 meses, para a
simples abertura de uma conta salário. Numa cidade que a maioria da população
mora em kitnetes e mocambos, imagine o transtorno. Há uma revolta subterrânea em
curso e muita violência. Se não fizerem nada e continuar o massacre moral, os peões
estão despertando para tanto descaso. Agora, mesmo estão reunidos na porta de
um sindicato, que apenas esta protelando soluções econômicas e melhorias mediante
seus acordos secretos com a DService.
Vamos
Brasil, cadê a força nacional, cadê as autoridades, o governo do estado? Presidenta
Dilma, transforme esta região no território federal de Carajás e nos ajude a
sair desse inferno. Ou virão com a imprensa internacional, recolher as cinzas
ou os corpos do massacre.
Nenhum comentário:
Postar um comentário